O estresse é uma reação do organismo àquilo que é vivido como situação nova. Muitas vezes este estado é provocado por situações externas de abalo extremo. Mas o que observamos hoje, é o próprio dia a dia como gerador de estressee. Ou seja, não é necessário que nenhum fato diferente aconteça para que o organismo humano passe a apresentar-se em estresse. Existe, então, um outro fator, e este sim é interno, que permite que este estado de abalo seja vivenciado quotidianamente pela pessoa. Este fator interno gerador é o pensamento, ou seja, o mundo mental.
Muitos não percebem o quanto se encontram aprisionados em suas próprias mentes confusas pela tentativa de tudo controlar, tudo compreender, na ilusão de poder evitar situações doloridas. Não percebem que este movimento desenfreado produz o efeito que busca sanar, ou seja, conduz à angústia e ao mal-estar próprios de uma mente estressada. Quando a pessoa vive como se ela fosse apenas uma mente pensante, acaba criando para si um mundo cheio de sofrimento. Nutre ilusões que a impedem de enxergar que, muito além do que ela cria com sua mente descontrolada, existe um universo inteiro que jamais será compreendido por seus limitados recursos. Vive como se fosse o limite do universo, como se nada além daquilo que sua lógica produz, pudesse realmente existir. Condena-se ao caos, ao mundo onde tudo pode acontecer. Sobrecarrega sua mente na tentativa de controlar este caos e sente-se em pânico quando percebe que tudo acontece à sua revelia, como se, na medida em que constata que ela não está no comando, nada, nem ninguém está. Todo este tormento interno pode ser chamado pelo nome de estresse.
A pessoa estressada, pela tentativa de controlar o mundo à sua volta, condena-se a uma vida de dores. Dores físicas, pois a cabeça sobrecarregada com a impossível tarefa de controlar o universo, certamente doerá de diversas formas. A dor física também atingirá o corpo deste Ser, pois desconhece seus limites e descuida-se. O emocional passa a se apresentar apenas através da vivência da angústia, do medo e da ansiedade em tudo resolver. Esta ansiedade é diariamente alimentada pela eterna ilusão de que, quando tudo estiver resolvido, poderá descansar e relaxar. Só que este momento nunca chega, pois a vida não deixa de se apresentar, diariamente, com seus desafios.
Portanto, a mente estressada é aquela que nunca descansa. É a mente de um Ser que perdeu-se da própria fé, e que vive na ausência de Deus. Não consegue colocar a cabeça no travesseiro à noite e dormir, pois sente que tem que cuidar de tudo o tempo todo, como se o destino da humanidade dependesse da sua atenção. Não conhece o significado da palavra entrega e perde-se dos seus limites humanos, colocando-se na situação absurda de guardiã da vida.
A própria vida, de um jeito ou de outro, acaba conduzindo ao desmascaramento destas ilusões mentais, e o Ser é, assim, chamado a enxergar-se como realmente é. Nem sempre a pessoa aceita de imediato os chamados da vida, pode relutar e desenvolver ainda mais seus mecanismos geradores de estresse, na tentativa de lidar com a situação. Mas existe um momento na vida de cada pessoa, onde sua forma de lidar com sua existência precisará ser revista e mudada. Este momento pode ser desencadeado por uma grave doença física, um acidente, uma perda, ou simplesmente pela constatação interna da própria infelicidade. Este é o momento de procurar ajuda, de sair em busca de recursos que forneçam ao Ser aquilo que sua mente estressada já não pode mais oferecer: a saúde, o bem estar e a alegria de viver.
Mariliz Vargas
